2012-05-30

Catedrais góticas


Tendo o Cristianismo nascido no seio do império romano é compreensível que tenha adoptado a arquitectura aí existente para a construção de templos onde os fiéis se pudessem reunir para as cerimónias do culto. Também não seria impossível aparecerem formas arquitectónicas novas, para marcarem uma diferença com a sociedade existente, mas não foi isso que aconteceu, tendo a já existente Basílica sido adoptada como modelo para os templos cristãos.

Simplificando a nomenclatura, nas Basílicas católicas existem as quatro maiores em Roma e existem Basílicas menores espalhadas pelo mundo. A designação “Basílica” é um título honorífico concedido pelo Papa a templos que se destacam por variados motivos. Na igreja ortodoxa o termo “Basílica” designa apenas uma igreja com a forma duma basílica romana.

A designação de Catedral é reservada para igrejas onde está a “cátedra” (cadeira) de um Bispo, sendo portanto a sede de uma Diocese.

Em Portugal usa-se frequentemente a palavra “Sé”, uma abreviatura de “Sede Episcopal” sendo assim algo pleonástico usar a expressão “Sé Catedral”. Muitas das catedrais de Portugal faziam parte de mosteiros, tendo na sua origem o clero regular, existindo umas poucas cuja construção foi promovida pelo clero secular.

Quando ando pela Europa parece-me sempre que as cidades estrangeiras têm edifícios mais elaborados, de melhor qualidade, maiores, do que os existentes em Portugal. Depois penso que foi o terramoto de Lisboa que deitou tudo abaixo mas então deveriam existir umas catedrais jeitosas lá para o Norte mas não me lembro de nenhuma.

Li algures que os edifícios modernos constituídos por paredes exteriores inteiramente de vidro eram a materialização do sonho dos arquitectos das catedrais góticas, que foram usando as técnicas que foram inventando ao longo dos séculos para adelgaçar as paredes e aumentar sucessivamente a dimensão das janelas, decoradas com vitrais cada vez mais deslumbrantes.

Tenho sempre algumas reticências ao embasbacamento na arquitectura, perante as construções do tempo dos romanos e dos gregos, que ocorreu na Renascimento e que deu origem ao neoclassicismo. É indubitável a competência dos engenheiros romanos e as proporções harmoniosas dos templos gregos. Mas são construções que tiveram o seu tempo e acho muito questionável tentar ressuscitar regras e técnicas tão antigas.

Na ausência dum conjunto numeroso de catedrais grandes e bonitas em Portugal aproveitei uma viagem a Inglaterra para comprar um livro sobre as catedrais de lá, intitulado “The Cathedrals of England”. Já foi há bastante tempo e suspeito que não o li até ao fim porque não me lembro de o ter acabado. Mas lembro-me que gostei do que li, que me ajudou a apreciar melhor as catedrais que fui visitando em Inglaterra e depois na França, onde também existem tantas!

Na altura não havia Internet, não era tão fácil consultar recomendações de livros. Agora foi com alegria que ao “googlar” sem aspas “The Cathedrals of England” obtive como primeiro resultado da busca um link para a Amazon apontando exactamente para uma edição (mais recente) do livro de Alec Clifton-Taylor, cuja capa mostro aqui ao lado.

O livro vai falando das soluções que foram sendo adoptadas ao longo de nove séculos, comparando diversas catedrais, estendendo as comparações por vezes às catedrais de França. Cada catedral é referida em várias partes do livro, à medida que se vão abordando os vários elementos constitutivos. É bem provável que vá revisitar o livro.

Foi nesse livro que me apercebi da dificuldade da integração harmoniosa das colunas de pedra que suportam a nave central, na imagem da capa do livro é patente que o problema é difícil e que embora esteja nela melhor resolvido do que na catedral de Hereford que embora bonita, como se pode constatar na bela imagem que fui buscar aqui



usa umas colunas simplesmente cilíndricas que além de serem visualmente pesadas não se integram no conjunto com a elegância das colunas constituídas por colunelas de que falei no post anterior e que podem ser também vistas numa das naves da catedral de Cantuária (Canterbury) que mostro na imagem seguinte que fui buscar aqui:



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