2010-11-03

Irrigar círculos

Há bastantes anos vi um artigo no Scientific American sobre um novo método de irrigação que estava a alterar a paisagem, designadamente a que se via dos aviões, em que as terras de cultivo, em vez de se organizarem em quadrados como nos quadros de Mondrian, se enchiam de círculos.

Isso acontecia em terras relativamente secas como o Alentejo, mas onde existiam albufeiras ou lençóis de água subterrânea.

Na minha recente visita a Avis, ao consultar o Google Earth, observei esta paisagem cheia de círculos de vários tamanhos e cores, em redor da albufeira da barragem do Maranhão



Medindo o diâmetro dos círculos constata-se que alguns deles atingem os 900 metros enquanto outros se ficam pelos 360.

Nesta outra imagem que parece quase uma pintura abstracta,



além dos campos irrigados em círculos existem umas árvores dispostas de forma irregular que eu diria serem sobreiros e plantações de árvores dispostas em quadrícula ou organizadas em triângulos que serão provavelmente oliveiras.

Ultimamente tenho visto muitas plantações de oliveiras no Alentejo. Normalmente nestas plantações novas existem sistemas de rega gota-a-gota, tubos pretos alinhados com as árvores.

Nesta imagem mostro um dos aparelhos de irrigação dos círculos, normalmente são vistos de mais longe e parecem mais pequenos



Na altura li que o dispositivo radial era articulado e que as rodas eram movidas por motores eléctricos. A roda que marcava o movimento era a exterior. Quando o braço mais exterior fazia um determinado ângulo com o braço adjacente começava-se a mover o segundo par de rodas a contar do fim, tentando restaurar em 180º o ângulo entre os braços. O mesmo se passava nos braços mais interiores. O único par de rodas com um movimento contínuo era o mais exterior. Todos os outros andavam num para – arranca.

Nesta imagem vê-se um par de rodas e o pequeno motor eléctrico que as move



talvez os braços tivessem neste caso um comprimento de 60 metros cada.

Para um citadino que costuma ver os vegetais nas prateleiras dos supermercados este mar de couves da imagem seguinte é uma quantidade impressionante, dava para encher muitos supermercados!



Curioso que se mantenha o alinhamento da plantação em linhas paralelas, seria muito mais complicado fazer uma disposição radial, além de se perder a constância da densidade de ocupação do solo. No meio da plantação estão marcadas as linhas por onde passam as rodas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Por vezes as rodas atascam como qualquer viatura...
R.

Sonia disse...

Olá, encontrei esse post porque estava justamente a tentar descobrir a razão de essas plantações, muito visíveis do avião, serem circulares. Não sou entendida de agricultura, (trabalho com turistas que já me perguntaram isso, daí o meu interesse), de maneira que não percebi bem: são circulares devido à máquina que se usa para irrigar? Isto é, ela cumpre um movimento circular, daí a forma dos campos? Qual a vantagem?
Obrigada!

jj.amarante disse...

Sonia, são circulares por que a água é extraída do subsolo através de um furo sendo mais fácil e barato conduzi-la a partir desse ponto único de captação por esse braço metálico onde, além do tubo que transporta a água, estão os aspersores que regam a cultura de plantas muito numerosas, como cereais e culturas não arbóreas

Para árvores (em que o número de plantas por unidade de superfície é muito menor) é melhor fazer uma rede de tubos para as irrigar gota-a-gota.