2010-01-19

A exclusividade do original

Ao olhar para esta foto com um sino pensei outra vez que quer os chineses quer os ocidentais usam este aparelho mas não os muçulmanos, havendo censuras islâmicas que já referi aqui.

Os sinos aparecem para sincronizar as acções de uma comunidade e por isso são muito úteis em mosteiros como este, localizado em Xian. Na Wikipédia constatei que a vida monástica tem muito pouca expressão no Islão, sendo comum ao cristianismo, ao hinduísmo, ao budismo e a outras religiões da Ásia.




As comunidades sincronizadas por sinos não são forçosamente religiosas, lembro-me sempre dos meus amigos que estiveram na Marinha dizerem que nos navios a única corda que havia era a do sino, tudo o resto eram cabos.

Mas há outra coisa que entretanto me foi chamando a atenção, que é o aspecto impecavelmente conservado de tudo o que aparece nesta imagem. Vivendo em Portugal habituei-me a associar a ideia de ruína à maioria do património edificado com alguns anos, pelo que me parece estranho que um templo antigo se apresente tão bem conservado.

Depois pensei que provavelmente tudo isto terá ficado muito danificado durante a Revolução Cultural pelo que deve ter sido todo reconstruído.

Reconhecendo alguma importância no aspecto único de uma obra de arte, faço notar que alguma dessa exclusividade se deve àquele pensamento pouco generoso (mas criando muito valor nos mercados de arte) que algo é muito valioso por ser possuído apenas por uma pessoa, com a exclusão dos demais. Vejo assim com alguma bonomia a reconstrução de edifícios antigos, que me parece mais frequente no Extremo Oriente do que na Europa. Entretanto lembrei-me do centro histórico de Varsóvia, reconstruído a partir de fotos e de memórias, depois de arrasado pelo exército alemão na guerra 1939-45.

Na minha ingenuidade penso que pedras de formas caprichosas como esta, localizada no recinto ajardinado do mesmo templo, suscitarão menor vontade de cópia, mas pode ser que eu esteja enganado e que esta pedra com linhas sinuosas lembrando curvas de nível, não passe de um produto industrial resultante da cópia massificada de uma pedra que pareceu mais interessante a um dos muitos chineses que se interessam por pedras deste tipo.


2 comentários:

Anónimo disse...

仇恨是一把雙刃劍,傷了別人,也傷了自己..................................................

jj.amarante disse...

Segundo o google, os ideogramas do comentário prévio significarão: "O ódio é uma espada de dois gumes, ferindo os outros mas também o próprio".