2009-10-14

Junto ao chão

Esta vista dum tabuleiro central de uma rua de Pequim lembrou-me a avenida principal de Olhão há várias dezenas de anos, por ser um sítio de algum convívio de pessoas, embora aqui estejam várias a dormir. A foto foi tirada por volta das duas da tarde pelo que se trataria de uma sesta. Na altura não reparei que alguns dos dorminhocos tinham tido o cuidado de tirar os sapatos.



Não sei se as avenidas novas em Lisboa tiveram as placas centrais alguma vez assim, quando não existiam tantos carros na cidade tenho uma vaga memória de terra batida. Talvez ao fim da tarde as pessoas usem mais este passeio, cuja limpeza é patente.

Julgo que foi no fim deste passeio que estava este homem da foto a seguir, que hesitei em enquadrar doutra forma



Não sei se existe alguma variação morfológica que torne mais confortável esta posição para os asiáticos. Em Portugal “estar de cócoras“ tem uma conotação normalmente negativa mas na Ásia vê-se muitas vezes as pessoas a conversar nesta posição, com um ar tranquilo de quem pode ficar assim sem problema durante horas a fio.

Não só ficam a descansar assim como também trabalham muitas vezes nesta posição. Por exemplo este trabalhadores de telecomunicações que estão a fazer a fusão de fibras ópticas em cima daquela caixa preta que parece uma bateria, num passeio da praça Tian-an-men, mais uma vez impecavelmente limpo.



Quando fizeram este trabalho, no passeio à frente da minha casa nos Olivais, as pessoas da PT tinham uma mesinha de trabalho e cadeiras desmontáveis para evitar trabalhar em cima do chão. A internet em todo o sítio implica também a extensão a todo o mundo das tecnologias de telecomunicações.

Na Índia, além do chão ser frequentemente o plano de trabalho, quer ao ar livre quer em oficinas, também se trabalha sentado na posição de lótus. Em 1993, enquanto as encomendas postais em Portugal tinham que ser embrulhadas em papel pardo, atadas com fio de sisal e eventualmente talvez lacradas, na Índia tinham que ser envoltas num tecido que tinha que ser cosido com linha, à mão.



Na Connaught Place, em Nova Deli este senhor que prestava esse serviço estava precisamente a preparar uma pequena encomenda para eu depois a poder enviar pelo correio para Bombaim. Foi o primeiro trabalho do dia pelo que além de observarmos o desenrolar do trabalho, nesta admiração tão típica dos Portugueses, tivemos ainda a oportunidade de o vermos acender uma velinha a um deus hindu, num mini-altar integrado no local de trabalho, e fazer uma breve oração.

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