2008-11-16

Mausoléu e mesquita de Kaid Bey (ou Qaitbay)

No álbum das Maravilhas do Mundo havia muitos cromos com monumentos do Egipto.



Tinham escolhido os muito conhecidos templos de Abu Simbel, de Edfu e de Carnac, a avenida processional de Luxor, os Colossos de Memnon, o Vale dos Reis, o túmulo de Sneferu, a Grande Esfinge de Gizé, as Pirâmides e finalmente o não tão conhecido “Túmulo e Mesquita do Sultão Kaid Bey”.

Aqui à direita tem o cromo respectivo do álbum das maravilhas do mundo. Os textos que acompanhavam os cromos não eram grande coisa (também não tinham muito espaço...)e este não é excepção. O referido Kaid Bey era um Mameluco e reinou de 1468 a 1496. Foi portanto pouco depois da queda de Constantinopla (em 1453) e pouco antes da descoberta do caminho marítimo para a Índia pelos Portugueses (em 1498), que perturbou muito o comércio de longa distância através do mundo árabe.

Andei à procura deste mausoléu no Google Earth, tirei a latitude e longitude do local (N 30º 02’ 37.74”; E 31º 16’ 30”), pedi emprestado um GPS a um amigo, levei comigo algumas impressões de fotos aéreas do Google Earth e acabei por conseguir chegar ao local, com a ajuda do GPS e destes papéis que parecem um mapa do tesouro.



O Mausoléu situa-se num cemitério mas tal não é evidente aos olhos de um ocidental. O que é evidente é que a área está a precisar de muitos cuidados urbanísticos e de melhores acabamentos nos prédios vizinhos, como se constata nesta foto em que a mesquita referida está no centro.





O estado desta rua do Cairo, no caminho para a mesquita, mostra-nos que afinal a Câmara Municipal de Lisboa faz muita coisa. Numa transversal a esta rua havia lixo no chão a toda a largura dessa transversal mas quando ia fotografar houve um habitante da zona que se zangou comigo, transmitindo-me a ideia, mesmo sem eu saber árabe, que não devia fotografar essa parte menos arranjada do seu bairro.

Chegámos finalmente ao nosso objectivo pelo nosso pé, revivendo aquela sensação da infância de termos conseguido ir de A para B sem a tutela de ninguém.



Às vezes acho que a disseminação da língua inglesa por toda a parte tira um bocadinho do mistério que antigamente estava mais presente nas viagens. Claro que conseguir comunicar em inglês torna tudo muito mais fácil mas acho engraçado recorrer à mímica e a alguns desenhos em papel para comunicar, quando o inglês não está disponível. Na esmagadora maioria dos casos tenho encontrado um grande interesse por parte dos interlocutores em tentar compreender a mensagem que lhes estou a tentar transmitir. E é muito agradável ver a expressão de Eureka! quando a mensagem consegue passar. A seguir costuma seguir-se uma explicação na língua local do caminho a seguir, mesmo sabendo-se que o outro não percebe a língua, as pessoas não emudecem, mas os gestos de seguir numa direcção e depois virar à esquerda ou à direita costumam ser suficientes.

O espaço interior da mesquita e do túmulo valiam a visita e destaco esta foto do tecto, que acho que ficou muito bem.



Depois desta visita a um edifício que me parecia algo obscuro, numa envolvente urbana abandonada, constatei que afinal o edifício não era tão obscuro como isso pois consta na nota de uma libra egípcia, conforme se mostra na imagem a seguir: