2008-04-16

Jarras Origami e Icosaedro


A profusão de folhas amarelas do Gingko Biloba e o seu nome oriental fez-me lembrar esta jarra Origami da Vista Alegre que tenho em minha casa.

A Vista Alegre tem uma linha tradicional mas de longe em longe arriscam umas formas novas. Não conheço a economia da porcelana e talvez o mercado português seja algo tímido em relação às novidades mas cada geração tem o dever e o direito de dar a sua contribuição para a descoberta/ invenção de formas belas.

Existe algum embasbacamento em relação ao que é antigo mas essas coisas antigas já foram novas. Cada objecto deve ser avaliado pela sua qualidade e não pela época em que foi concebido.

Quando vi o conjunto de duas jarras na figura mais abaixo e me disseram que se chamavam Origami, interroguei-me se a superfície da jarra seria planificável, o que justificaria o nome: um Origami é uma forma que se obtem a partir de dobragens sucessivas de uma folha de papel. Todos nós fazemos dobragens mas os Japoneses elevaram esta técnica ao nível de uma arte.



A superfície da jarra fez-me lembrar um icosaedro, mais propriamente um icosaedro regular, em que todas as faces são iguais, sendo nesse caso triângulos equiláteros.

A forma como às vezes vejo um icosaedro consiste numa pirâmide pentagonal no topo, noutra pirâmide idêntica na parte de baixo e num volume com duas bases pentagonais paralelas e uma superfície lateral delimitada por 10 triângulos. Nas figuras em baixo mostro do lado esquerdo o icosaedro completo (que fui buscar à entrada "Icosahedron" da Wikipédia) e esse volume com 10 triângulos laterais de que acabo de falar.









Colocando vários volumes com 10 triângulos laterais, de que falo em cima, uns em cima dos outros, obtemos uma jarra Origami como as mostradas em cima. Parece relativamente simples estender (ou reduzir) a banda de 10 triângulos laterais a um número par maior ou igual a quatro, possibilitando a obtenção de jarras com diferentes números de triângulos na sua circunferência.





Esta conversa está longe de ser uma demonstração mas é uma espécie de argumentação qualitativa que me convenceu que valia a pena experimentar dobrar uma folha de papel, que neste caso era uma folha A4 num restaurante dum aeroporto contendo um inquérito sobre a qualidade do estabelecimento, para tentar reproduzir a superfície da jarra Origami.

Como se vê ao lado: q.e.d.

1 comentário:

Helena Araújo disse...

Ao ver as jarras pensei "ena, que bonitas!"
Ao chegar ao fim do post pensei que o título certo para este blogue devia ser
"imagens com Ciência".
É impressionante!